quarta-feira, 17 de junho de 2009

Fim do diploma não é o fim do mundo

O assunto é polêmico, sem dúvida. Para alguns, causa até urticária. Mas o fim da exigência de diploma para jornalistas não é novidade. Desde que eu estava na faculdade, lá pelos idos de 96/97, o tema já era debatido. Claro que para uma jovem universitária, de classe média como eu, isto poderia sinalizar "o fim do mundo", mas não era. E não é.
Não vou dizer que seja- exatamente - uma coisa boa para os jornalistas. Mas também não considero que seja algo ruim para os bons jornalistas. A verdade é que as boas redações continuarão a exigir qualidade e competência destes profissionais, como sempre o fizeram. E as fontes, continuarão confiando em quem sempre acreditaram. E os entrevistados sempre darão mais crédito aos jornalistas que trabalham em um veículo de informação. Ou seja, quem tem competência e talento, irá se destacar ou manterá seu espaço.
A verdade é que as faculdades estão enlouquecidas com o prejuízo que essa mudança irá acarretar. Então fizeram e continuarão fazendo campanha contra. Natural. Assim como também é compreensível a preocupação dos futuros formandos e focas quanto a consequente desvantagem para se conseguir o primeiro emprego.
Mas ainda continuo batendo na mesma tecla. A qualidade do profissional irá sobressair. Talento e Ética não são aprendidos em faculdades, mas é algo inato. E o verdadeiro jornalista é o profissional de corpo e alma e não precisa ostentar diploma. Raquel Duarte, orgulhosamente jornalista

12 comentários:

  1. Foi a melhor coisa que aconteceu, porque, como a falecida Lei de Imprensa, a obrigatoriedade do diploma era coisa da ditadura. Já que a ditadura acabou, e faz tempo, somos livres de novo.

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  2. Parabéns pela matéria sobre o fim da obrigatoriedade do diploma, Raquel.

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  3. Boa, Racky! Disse tudo e disse-o bem! Concordo contigo em gênero, número e grau. Só lamento terem "refogado" tanto tempo uma decisão. E mesmo não concordando com a obrigatoriedade do diploma, estranho o silêncio das entidades da nossa classe durante todos esses anos, para o sim ou para o não...
    De fato, em muitos veículos, essa prática já funcionava. E em plena era da informação, concordo que a exigência do diploma causa conflitos com a liberdade de expressão.
    O fato é que agora tenho argumento para me motivar mais a fazer uma segunda faculdade :-)

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  4. Raquel, não concordo.

    É necessário que o jornalista esteja preparado para enfrentar questões morais, éticas, sociais e até filosóficas... o que só é possível com um bom curso de capacitação.

    Realmente, o pessoal com talento deve se sobressair e as grandes redações devem continuar exigindo diploma, cursos...

    Mas o fim da obrigatoriedade do diploma vai fazer com que muitos veículos menores, como rádios pequenas, jornais regionais ou de bairro... comecem a pagar salários ainda menores, ou então, baixem, ainda mais, os salários e passem a contratar mão-de-obra barata, moleques do ensino médio pagando salário mínimo.

    O fim da necessidade do diploma dá a impressão que o jornalista é um cara desnecessário, que faz o que qualquer um pode fazer, o que, como repórteres, sabemos que não é verdade. Com esse argumento, os donos de patrões vão buscar ainda mais precarização do nosso suado trabalho.

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  5. Sou totalmente contra a decisão da Justiça. Seguindo esta linha, para que um médico precisa ter diploma? Bastaria fazer um cursinho e estaria capacitado. O mesmo vale para engenheiros e deuses, digo, advogados. Sem a obrigatoriedade, nossos salários ficarão cada vez mais baixos (na visão macro do mercado, já que não se pode diminuir salários) e qualquer um poderá trabalhar como jornalista. Fazendo uma comparação boba, na Marinha mercante brasileira, as empresas proprietárias de navios querem contratar filipinos ao invés de brasileiros, pelo simples fato de que a mão de obra é quase dez vezes mais barata. Tenho receio de que nosso futuro seja esse. Abs, Marcio Arruda

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  6. finalmente!.. esse papo de obrigatiriedade do diploma já deu.. estamos na era pós mídias digitais e não cabe mais fingir que não existem os free-lancers, blogueiros e midialivristas que contribuem sim com a comunicação. .. estamos vivendo um momento de transformação histórica, que pode até ser comparado com o impacto da invenção da prensa no séc. 15.. depois da internet e dos espaços dos fluxos de informação, não ficamos mais só na versão de grandes corporações sobre os fatos.. qualquer um na rua pode sacar um celular, fotografar, escrever e imediatamente publicar em seu blog, jogar no twitter, ou até mandar pra algum veículo grande, que agora também utilizam e até solicitam material enviado por leitores (aliás, essa é a hora de começar a pensar sobre novos direitos).. então esse papo de credibilidade e blá, blá, blá não cola mais.. quem disse que os tubarões da midia não donos da credibilidade?.. a não ser que eles também já a tenham comprado e eu ainda não sabia.

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  7. Racky, serei franca... Sou extremamente contra ao fim do diploma!O argumento mencionado durante a discussão no STF foi a liberdade de imprensa. Sabemos que esta dita liberdade não existe. O que temos de mais concreto sobre ela é a nossa eterna busca, que se dá, sempre, em discussões de classe e de maneira superficial, a margem de qualquer visão um pouco mais profunda e sem ideologismos comprados...
    Em segundo, creio ser um retrocesso na questão da educação. Hora, estamos a todo tempo reivindicando o estudo como o verdadeiro caminho para o crescimento social e o Supremo diz que este estudo não é necessário porque a profissão, no caso, o jornalista, surge e simplesmente no dom? Como poderemos reinvindicar o mínimo de graduação dos encarregados da Casa de Leis? Me parece uma saída estratégica... Além do mais, é evidente para mim o quanto esta decisão desclassica a profissão, transformando-a em uma atividade que pode ser realizada por qualquer um...Basta, se bobear, ter o segundo grau completo...Em termos regionais, abrirá ainda mais as portas para a "troca de bens". Nas grandes empresas idem. Com um formato um pouco mais elitizado. Agora, além de modelos, vc poderá ter ex-bbb e qualquer "outra coisa" ocupando uma vaga que poderia ser sua.
    Em terceiro, buscando argumentação na própria retórica do Sindicato das empresas de rádio e televisão de São Paulo, que foi o responsável pela ação, temos que os canais de mídia já são democratizados. Não precisamos "de um médico falando sobre medicina", como alegaram, pois já temos em jornais espaço para colaboradores e articulistas. Temos blogs, twiter... Em 2006, o STF já havia assegurado a continuidade na profissão de quem não tinha diploma.
    Na discussão de ontem, utilizaram nomes como Machado de Assis e Vinícius de Moraes para exemplicar a alegação de renomes que exerceram a atividade sem diploma. Me pergunto: Temos exemplos em nossa atualidade com perfil semelhante? Ou estamos sempre a recorrer a estes nomes quando queremos referenciar ideias e pensamentos? Se contar que, se não eram formados em jornalismo, o eram em outras áreas, como direito, RI e etc.
    E só para não me alongar mais, um dos juízes levantou a questão que não há especificidade dentro da profissão de jornalista...O que eu aprendi em todo curso? Nada? As aulas de ética, filosofia, estrutura da escrita para os diferentes canais midíaticos, documenttário, projetos em marketing, realidade sócio política e econômica do país...Não servem de nada?
    Se preparem pois, não só o cenário de nossa profissão irá mudar, assim como o respeito, o respeito pelo trabalho, pagamento, tudo! Uma dica para aqueles que fizeram faculdade: digam que se formaram em Comunicação Social. É pelo menos a única maneira que vejo para que seu diploma não seja visto como algo desnecessário, sem valor, sem mérito! Bjs.

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  8. A OBRIGATORIEDADE do diploma de jornalista e NÃO O FIM DELE é o que está em pauta.
    A OBRIGATORIEDADE é coisa da ditadura e a ditadura acabou. O diploma permanece, mas sem a ditadura.
    Ou 2 + 2 não mais 4?

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  9. Raquel, "Belíssima' ,esse é um tema polêmico, para não dizer outrascoisas. Acredito sim que a profissão de jornalista precisa serrepensada sempre, pois é uma área que o atuante lida com a aventurahumana. E por causa disso, precisa estar conectado, ter conteúdo,ética, embasamento no que está focando e tudo mais. Concordo com você,que os profissionais que estão nessa jornada - diplomados ou não,estão brigando por um jornalismo melhor, com qualidade, com eficácia,que discute os valores sociais com coerência, mas acho também que osalunos de curso de jornalismo precisam ser valorizados, afinal decontas, são anos de investimento emocional, intelectual, um exercíciocontínuo de leituras e pesquisas, mas acho também que os jornalistasenvolvidos há muito tempo nessa profissão, produzindo comentários,análises e outros efeitos da comunicação, precisariam de um olhargeneroso por conta de quem gera o MTB. Não podemos esquecer que muitosdesses profissionais - Marilia Gabriela só para citar uma pessoa, nãotem essa diplomação universitária, enfim, é assunto complexo, masainda estou pensando naqueles meninos e meninas estudando jornalismona UNIFIEO, UNIBAM e tantos outros. Gostei do resultado, mas..... achoque poderiam abrir brechas para quem está nessa jornada e ao mesmotempo valorizar quem está cursando jornalismo.... Beijos Edu, a gentevai se falando. Beijos Edu

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  10. PARABENS A TODOS JORNALISTAS COM OU SEM DIPLOMA, POIS JORNALISMO É DOM, E MORAL E ETICA E INERENTE AO INDIVIDUO .

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  11. Parabéns Rachel pelo blog e pela abordagem de tema tão importante como a extinção de obrigatoriedade de diploma de jornalista.

    Só quem trabalha ou trabalhou em redação de algum periódico pode ver o assunto com mais definição. São talentos que lá estão, natos, em sua profissão sem ao menos ter passado em frente a alguma escola superior.

    E, infelizmente, diplomados que mal conseguem escrever a letra "o" com um copo. Obrigados a fazer faculdade de jornalismo, na maioria dos casos, sem vocação própria por insistência dos pais.
    Meu caso, especificamente: Iniciei no jornalismo em 1977 (O Grande Osasco), passei por redações, laboratórios fotográficos (revelação de filmes) em um momento que edição de jornal era feito através de linotipia. Quer melhor faculdade que essa?

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  12. Muito bom, concordo contigo.

    bjo

    Fernanda

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