terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Propagandas xenófobas na Suiça

Aqui, o partido SVP critica o fato de o governo suíço
conceder asilos políticos
Os estrangeiros são representados como "corvos" que devoram a Bandeira suiça
Na imagem, a ovelha negra (simbolizando o estrangeiro) é chutada por uma
branca (população suiça)

Cicatrizes profundas

O caso da advogada brasileira, Paula Oliveira, supostamente grávida e agredida por três skinheads na Suiça, chocou a população e despertou a atenção mundial para os casos de xenofobia em toda a Europa.
As imagens com a advogada repleta de marcas pelo corpo, instigam a repugnância ao agressor e absorvem facilmente a conotação xenófoba. Há ainda muito a ser esclarecido, pois as últimas informações da imprensa revelaram que o ultrassom que Paula Oliveira teria enviado por e-mail à uma amiga de trabalho, é uma imagem facilmente localizada na internet. Ou seja, entre outras apurações, ela não estaria grávida, fato que reforça a dúvida do depoimento dado por ela. Informações desencontradas ainda levarão este caso para as páginas dos jornais por mais algumas semanas. Se for comprovado que a advogada se autoflagelou, será “apenas” uma confirmação que ela sofre de problemas psicológicos gravíssimos. Caso contrário, a agressão atribuída aos skinheads expõe a questão de xenofobia que fica mais evidente com a crise mundial e a tendência de “cada um proteger o que é seu”. A Europa é historicamente uma região com história de aversão à estrangeiros. De acordo com o pesquisador e cientística político belga Marc Jacquemain, em entrevista nesta segunda-feira, 16, para o Jornal Folha de S. Paulo, apesar de não haver dados estatísticos que a xenofia está aumentando, os fenômenos políticos atuais contribuem para acirrá-la. Marc Jacquemain afirma que em relação à tolerância, os “europeus têm dificuldades até entre si” e a a xenofobia tem maior destaque nas regiões mais ricas da Europa: Holanda, Áustria, Suíça, Noruega e norte da Ítalia, por exemplo. O cientista atribui a xenofobia européia na classe média como consequência da globalização, pois hoje a classe média (que viveu em situação privilegiada) se sente ameaçada. Já os partidos políticos da europa apontam para o imigrante como bode expiatório e um dos responsáveis (quando não o principal) da crise econômica do país. Para contribuir ao cenário desolador da xenofobia temos o propagação das ideias antiterroristas e de guerra entre civilizações defendidas por George W. Busch, que via o perigo islamista em toda a parte. Jacquemain destaca que também é preciso considerar o “sentimento de rejeição do outro” ou “do diferente” que as pessoas carregam consigo. No mundo atual, de competição extrema, as diferenças tendem a ser vistas como ameaça constante. Ou seja, o cenário é totalmente favorável à xenofobia que pode levar à situações extremas como oque, supostamente aconteceu com a advogada brasileira. E no pé em que as coisas estão, não é improvável que ocorra um ato tão violento contra o ser humano. Infelizmente. Raquel Duarte

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Criadores e criaturas

Lá estava eu, no centro de São Paulo, cobrindo um Ato público das entidades representativas dos servidores do judiciários, em pleno meio dia, quando surge um personagem, que por si só, valeria uma reportagem. Quem era? De onde viria? Por que estava ali? O homem negro, de barba e cabelos brancos, compenetrado, ouvia aos discursos atentamente. Não sorria, não gesticulava, não transpirava. Às vezes, me deu a impressão, de nem estar ali. Mas estava. Por vezes desviava a atenção de todos. Apenas por estar, existir e coexistir. O que será que ele pensava de nós, muitas vezes mais estranhos do que ele mesmo se revelava? Ninguém sabe. Ninguém viu. O homem, no mesmo silêncio e mistério que o trouxe até ali, foi embora e desapareceu entre os prédios cinzas do centro de São Paulo, sob meu olhar curioso e admirador das figuras humanas.