quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Metendo a língua

As coisas acontecem mesmo loucamamente neste país. Enquanto o Brasil necessita de profundas mudanças na economia, política e no judiciário, resolvem reformar a língua portuguesa. Apesar do tema ter sido abordado na imprensa nesta semana, a sugestão para a alteração nas regras ortográfica é antiga. Chegou às manchetes devido a sanção do acordo pelo presidente Lula. E essa mudança não foi cogitada agora. Ela tramita desde os anos 90 e visa integrar os países que falam a língua portuguesa, ou seja, os países lusófanos. De acordo com as novas regras, as principais mudanças do "português-Brasil"ficam por conta dos acentos agudo e circunflexo, trema e hífem. No Brasil essas mudanças atingirão 0,5% da nossa regra. A adaptação acontecerá gradativamente, de 1º. de janeiro de 2009 até 2012. Se os brasileiros já eram enrolados com a propria língua, imagina depois desta reforma. Quem já tinha aprendido alguma coisa, terá que "desaprender". Que ironia. Não dá para negar que a intenção original ‘parece’ boa. Mas até agora não ficou claro como estas poucas mudanças podem resultar em benefícios. A não ser para os donos de gráficas que terão que adaptar milhões de dicionários e livros didáticos, não consigo achar graça nesta reforma. Para se ter uma idéia, estima-se que R$ 90 milhões serão gastos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) só na compra de dicionários. E pra nós, onde está a vantagem? O mais trágico é que ninguém tem interesse em debater o assunto. A consulta pública realizada pelo MEC recebeu só 12 e-mails. Brasileiro é chegado em questões polêmicas de alto grau e este assunto pareceu morno demais. Com esta reforma tímida, o português entre Brasil e Portugal não chegará a ser unificado. Mas com certeza irá dificultar a língua para quem nunca entendeu muito dela: os próprios brasileiros. Raquel Duarte

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